sábado, 28 de agosto de 2010

CXVI - Acerca de uma antologia de dualidades que povoam os pensamentos e o senso comum - Ou: a tirania do princípio do terceiro excluído.

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§ 116








Essas dualidades podem degringolar, nas mãos de uma razão ingênua, para reducionismos ontológicos (geralmente grotescos, aliás...).

A origem:

* A x Não A

O desenvolvimento:

* Certo x Errado [Esse é o que mais ouço, até às raias da loucura furiosa. E, claro, "certo" sempre refere-se à opinião do falante/dono da verdade, enquanto "errado" refere-se à opinião alheia discordante];
* Bem x Mal;
* Verdade x Mentira;
* Matéria x Espírito;
* Sim x Não;
* Normal x Anormal;
* Liberdade x Fatalismo;
* Isto x Aquilo;
* Moral x Imoral;
* 8 x 80;
* Homem x Mulher;
* Direita x Esquerda;
* Cidadão de bem x Picaretas;
* EUA x Brasil [O primeiro sempre é exemplo de sucesso, o segundo de...];
* Sucesso x Fracasso;
* Vencedor x Perdedor;
* Brancos x Negros;
* Eu x O outro;
* Sujeito x Objeto;
* Indivíduo x sociedade;
* Fé x Razão;
* Bonito x Feio;
* Limpo x Sujo;
* Tempo x Espaço;
* Alegria x Tristeza;
* Esperto x Burro;
* Inteligente x Ignorante;
* Passado x Futuro;
* Prazer x Dor [Os limites entre um e outro são bem mais indefinidos do que parece a princípio...o masoquista que o diga.];
* Luz x Sombra;
* Deus x Diabo;
* Nós (o grupo) x Eles (os outros; "o mundo" [como diria um@ crente]);
* Vida x Morte;
* Saúde x Doença;
* Humano x Animal;
* Dar x Receber;
* Ativo x Passivo;
* Falo x Vagina;
* Boca x Ânus;
* Livre x Escravo;
* Forte x Fraco;
* Necessário x Contingente;
* Mais apto x Menos apto;
* Dedução x Indução;
* PSDB x PT;
* Republicanos x Democratas;
* Perto x Longe;
* Magro x Gordo;
* Cooperar x Rebelar-se;
* Superfície x Âmago;
* Cidade x Campo;
* Indústria x Agricultura;
* Materialismo x Idealismo;
* Pragmatismo x Idealismo/Utopismo;
* Utopia x Distopia;
* Real x Ideal;
* Real x Virtual;
* Lembrar x Esquecer;
* Guerra x Paz;
* Covardia x Coragem;
* Amor x Ódio;
* Diferença x Indiferença;
* Concreto x Abstrato;
* Simplificação x Complicação;
* Reducionismo x Complexificação;
* Ordem (governo) x Anarquia (anomia);
* Humildade x Arrogância;
* Resultado x Processo;
* Fins x Meios;
* Trabalho x Lazer;
* Negócio x Ócio;
* Qualidade x Quantidade;
* Falar x Ouvir;
* Religião x Ciência;
* Presença x Ausência;
* Concentração x Disperção;
* Paradigma x Sintágma;
* Hipótese x Parataxe;
* Matáfora x Metomínia;
* Significado x Significante;
* Escrever x Ler;
* Fálico x Andrógino;
* Paranóia x Esquizofrenia;
* Transcendência x Imanência;
* Erudito x Popular;
* Insider x Outsider;
* Guerreiro x Santo;
* Governo x Povo;
* Capitalistas x Proletariado;
* Conservadores x Revolucionários;
* Perigo x Segurança;
* Sadismo x Masoquismo;
* Paraíso x Inferno;
* Ampliar x Aprofundar;
* Heterossexual x Homossexual;
* Civilização x Barbárie;
* Unidade x Multiplicidade;
* Progresso x Regresso;
* Eternidade x Fugacidade;
* Eros x Tânanos
* Anima x Animus;
* Apolo x Dionísio;
* A priori x A posteriori;
* Análise x Síntese;
* Dedução x Indução;
* Conotação x Denotação;
* Fato x Opinião;
* Juízo de fato x Juízo de valor;
* Começo x Fim;
* Lutar x Ceder;
* Justo x Injusto;
* Grande x Pequeno;
* Longo x Curto;
* Grosso x Delgado;
* Apoio x Oposição;
* Liberar x Reprimir;
* Teísta x Ateísta;
* Doce x Salgado;
* Tudo x Nada;
* Ocidente x Oriente;
* Tabu x Transgressão;
* Mente (ou alma) x Genitais (ou corpo, "carne");
* Barulho x Silêncio;
* Agitação x Serenidade;
* Privado x Coletivo;
* Mutável x Permanente;
* Princípio de prazer x Princípio de realidade;
* Moderno x Pós-moderno;
* Sinônimo x Antônimo;
* Expansão x Contração;
* Criação x Destruição;
* Dinâmica x Estática;
* Forma x Conteúdo;
* Aparência x Essência;
* Mocinho x Vilão;
* Subir x Descer;
* Civilização x Natureza;
* História x Cotidiano;
* Norte x Sul;
* Permitido x Proibido;
* Adulto x Criança;
* Muito x Pouco;
* Introversão x Extroversão;
* Fenômeno x Coisa-em-si;
* Cosmos x Caos;
* Evidente x Oculto;
* Vulgar x Requintado;
* Explícito x Implícito;
* Capitalismo x Socialismo;
* Otimismo x Pessimismo;
* Vontade x Representação;
Cansei.










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Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

sábado, 21 de agosto de 2010

CXV - Acerca da minha interpretação para o filme "A origem" ("Inception", Chirstopher Nolan, 2010).

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§ 115






Críticas sobre o filme

"Teoria Acid-Paula"
Pablo Villaça
CineMMaster
Ana Maria Bahiana

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Após refletir sobre a "teoria Acid-Paula" eu cheguei a uma conclusão que para mim parece mais plausível: Tá legal, Miles realmente tinha um plano para fazer uma inserção em Cobb, mas isso não exigiria necessariamente mais um nível de sonho, exigiria apenas que a Ariadne fosse corretamente instruída para levar a inserção a cabo. Convenhamos... a questão da aliança na mão de Cobb e a questão de serem atores diferentes que fazem o papel dos filhos parecem indicar que Cobb acordou... Caso insistamos que ele não acordou, então já sabemos quem foi capaz de arquitetar o "grande sonho" (que teria começado na África), projetando o aeroporto, o avião e até as crianças mais velhas: ele, o único com habilidade e motivo para fazê-lo: Miles.

Realmente o Cobb não gira mais o pião depois que dorme no Porão do Yusuf. A cena da perseguição em Moçamba ocorre antes de Yusuf fazer a sua aparição. É interessante notar que Cobb é perseguido por apenas três pessoas (que são da empresa Cobol, para a qual ele fracassou em cumprir a missão que tinha que realizar em Saito – Cobb diz no começo do filme que a empresa para qual ele trabalha não tolera erros, e logo depois fala para Arthur que essa empresa – Cobol – já sabe que eles falharam e vai atrás deles), e não pela população inteira: o que teria que ocorrer se ele estivesse no sonho de alguém. Ou seja, a cena de perseguição não pode ser usada como prova de que ele está no sonho de alguém. É inverossímil a hipótese de que Miles conseguiria arquitetar tudo isso sozinho e sempre um passo a frente das escolhas do próprio Cobb, e ainda tão rapidamente (as cenas em Moçamba ocorrem praticamente no início do filme).

A hipótese da aliança está correta: no mundo real ele está sem ela. No mundo dos sonhos está com. Quando ele está se encaminhando para o guichê da imigração do aeroporto, no final, dá para ver que Cobb está sem a aliança. As crianças são diferentes, afinal são interpretadas por outros atores, além disso estão vestindo roupas diferentes. O pião oscila...mas isso é uma questão menor, é um blefe do Nolan, uma provocação para pegar incautos.

O diálogo final de Cobb com Mal é muito claro. No começo dele Mal afirma que aquele mundo (o limbo) é o mundo real e que as crianças que estão ali são reais e não projeções – o que, evidentemente, não é verdade...e isso é evidente pelo ambiente onírico (uma casa que fica dentro de um edifício) – se alguém insistir em negar isso, então obviamente não entendeu nada do filme. Quando ele conta para ela (uma projeção do inconsciente dele) o que fez com ela (ela de verdade), ele está contando a si mesmo, está purgando a própria culpa. Seja como for, Mal, que é uma lembrança da verdadeira esposa e em hipótese alguma é a esposa verdadeira, mostra-se surpresa e confusa com a revelação, e diz algo assim: “seja como for, você pode cumprir a sua promessa e ficar aqui comigo no mundo que construímos”, ou seja, agora ela admite que aquele mundo não é o real.

Ele responde que ela é só uma sombra da verdadeira Mal, que é só uma projeção do inconsciente dele, e que por isso não valeria a pena passar a eternidade com ela (e vale lembra que eles já passaram décadas juntos, o que deve ser suficiente para ele poder discernir a Mal caricata da verdadeira).



Então ele se perdoa e ela, que é uma projeção do inconsciente dele, se acalma e DESISTE de tê-lo ali com ele para sempre: essa desistência é a testemunha de que ele se perdoou, que a catarse está realizada, que a culpa está purgada.

Então ele morre no nível 1 (van), e volta para o limbo, que agora sofreu modificações pois Saito está vivendo lá há décadas. Quando Saito fala sobre morrer velho cheio de amarguras, Cobb se lembra da sua missão. E tudo leva a crer que os dois se matam e acordam no mundo real.

Realmente concordo que a Ariadne se mostra surpresa com tudo e que portanto não seria plausível achar que ela já sabia de toda a verdade sobre Cobb. Creio que nem o Miles sabia toda a verdade, pois quando ele, lá na universidade na França, fala para o Cobb “volte para a realidade” ele o faz justamente quando Cobb afirma que Mal não deixa ele, Cobb, ser o arquiteto do sonhos. Ou seja, quando ele fala em realidade ele está falando justamente da realidade de que Mal está morta, e que portanto Cobb precisa superar a perda.

A própria Ariadne se voluntaria a ir para a missão (a idéia original era de que ela só fizesse o trabalho arquitetônico no mundo real). Quando ela se prontifica a ir Cobb afirma: “eu prometi para o Miles que você não iria”. Mas ela o convence a ir.

Em resumo, eu não acredito que ele estava sonhando no final. E penso que na melhor das hipóteses o que Miles fez – se é que fez alguma coisa – foi simplesmente orientar Ariadne a ajudar Cobb a superar o seu sentimento de culpa (talvez se houvesse uma cena de diálogo entre Miles e Ariadne nos corredores da faculdade resolvesse essa dúvida – mas não há essa cena, ou pelo menos ela foi cortada na edição). Mas, convenhamos, não seria necessário para isso criar mais um nível de sonho e juntar todos no porão do Yusuf – seria um trabalho completamente desnecessário e redundante.

Além disso, cabe lembrar que todos os “sonhos oficiais” (indicados pelo roteirista) ocorreram em espaços relativamente pequenos. Se houvesse um “grande sonho” ele teria que ocorrer em várias partes do mundo...o que, convenhamos, exigiria um enorme trabalho do arquiteto, no caso Miles.

O enredo é simples. A confusão deriva de uma tentativa de inserção que Nolan realiza - muitas vezes com sucesso - na mente dos espectadores, cujo epítome é a cena final, o momento anterior ao nosso despertar do sonho arquitetado por ele.






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Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.

domingo, 15 de agosto de 2010

CXIV - Acerca de breve consideração econômica sobre a superação do ciclo vicioso da pobreza.


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§ 114




Eu não gosto de ficar me justificando para os leitores desse blog. Mas aqui estou eu fazendo isso novamente. Os magros parágrafos que se seguem eram para ser apenas o rascunho de um texto mais longo no qual eu discorreria mais aprofundamente acerca do assunto indicado no título. Todavia, surgiram tantos assuntos para eu pensar ultimamente que eu não estou com paciência de pensar mais sobre o que está sendo postado aqui hoje. Como já deve ser do conhecimento dos leitores, eu geralmente escrevo os capítulos do blog semanas ou meses antes de postá-los. Pois bem, os parágrafos que se seguem foram escritos faz uns três meses. Era para eu desenvolver melhor a argumentação. Não o fiz. E no momento não estou com paciência para fazê-lo. Lamento.

Estou com pressa. Tenho que ir. Fiquem agora com o meu texto de três meses atrás.



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Se você acha que a educação é cara, tenha a coragem de experimentar a ignorância. (Derek Bok)



A autonomia, o senso crítico, a inteligência e o conhecimento são ferramentas que permitem ao indivíduo questionar a ordem estabelecida, viabilizando, assim, a sua superação histórica por uma nova ordem. A ausência do desenvolvimento individual dessas ferramentas propicia, ao contrário, no indivíduo o medo de perder os poucos benefícios que já possui, alimentando assim a reprodução do establishment.

Para a classe média, ter um filho representa custos altos para reproduzir alguém que possa manter-se pelo menos no mesmo nível econômico dos pais. Esses altos custos representam um incentivo econômico à queda na taxa de natalidade daqueles que estão inseridos no "setor moderno" da economia, ou seja, que estão inseridos no ambiente competitivo e dinâmico das "economias de mercado". O capitalismo é o principal contraceptivo [1]. Ao longo do século XX, os países ditos desenvolvidos assistiram a uma brusca queda nas taxas de natalidade - e a maioria deles se encontra, atualmente, com taxas de natalidade abaixo da taxa de reposição, necessitando, assim, de imigrantes para manter o exército de reserva de força de trabalho trabalho.

Já para os pobres, excluídos, marginalizados e para aqueles que vivem em economias de subsistência (portanto, não capitalistas), os filhos representam investimento, e não custo, pois desde cedo contribuem com seu trabalho infantil para o sustento da família - e isso é feito em detrimento da formação do "capital humano", o que gera um ciclo reiterativo da pobreza: a pessoa nasce pobre, e por nascer pobre é considerada investimento por seus pais, e por isso não forma o capital humano, e por isso continua pobre, e por isso faz mais filhos como opção de investimento, etc. Em países subdesenvolvidos, essa lógica se exprime em escala nacional, e não apenas na classe mais baixa. Para o pensamento econômico do mainstream, esse comportamento das famílias pobres é racional: "se os filhos são investimento, nada melhor do que fazer mais filhos, ué". Para o referido pensamento, é necessário, se se quer eliminar a pobreza, inserir essas pessoas na "economia de mercado" (os economistas do mainstream geralmente não usam o termo "capitalismo"), a fim de que eles recebam novos incentivos econômicos no sentido de diminuir a taxa de natalidade e assim romper o ciclo vicioso. Ou seja, é preciso que para os pobres os filhos deixem de ser considerados investimento, e sejam considerados um custo, como ocorre com a classe média. Sem esse incentivo econômico, qualquer outra política de natalidade (que não envolva genocídios...) estará condenada ao fracasso.

Porém, de um ponto de vista marxista, as coisas não são tão felizes assim. Há um probleminha: o exército de reserva de força de trabalho - que, para o marxismo, é algo inerente à lógica do capital. Em outras palavras: o capitalismo produz a pobreza, pois precisa dela para se perpetuar. Achar que toda a população poderia ser pelo menos "classe média", sem a existência do pauperização absoluta (e suas conseqüências em termos de incentivos econômicos), é ignorar a real dinâmica do capital, é ignorar que ele, em seu despotismo, engendra reiteradamente um exército de reserva de força de trabalho. O desemprego de alguns gera o sobre-emprego de outros, o que alimenta novamente o desemprego, e assim num ciclo vicioso: quanto maior o medo de perder o emprego, mais o trabalhador se deixa explorar, e quanto mais ele se deixa explorar, menor a necessidade de contratar novos trabalhadores, e, portanto, maior o desemprego. Como a mais-valia é trabalho não pago, é impossível ao capitalismo emancipar o trabalhador do seu trabalho: trabalho e capital são duas faces da mesma moeda. Pleno emprego é utopia, pelo menos o capitalismo. Inexistência de exército de reserva de força de trabalho, idem. Pois é do interesse do capital que exista uma camada de pobres e excluídos - que fiquem à disposição do capital, para serem usados nos ciclos de alta atividade e serem logo descartados nos ciclos de baixa e para servirem, ainda, de incentivo à baixa salarial dos que estão empregados. Isso ajuda a entender porque os países desenvolvidos acabam cedendo à imigração, mesmo que haja movimentos xenófobos ou que os trabalhadores locais de baixa qualificação se oponham energicamente - pois estão perdendo seus empregos. Ora, quem dita as regras no mundo político não são os trabalhadores, não são aqueles que defendem uma raça pura, etc. Quem dá a palavra final é sempre ele: o deus capital.

O sonho do capital nós já conhecemos: um único mercado global e selvagem, sem freios, sem moral, sem leis, sem piedade - aos fracos, a superexploração até morte por exaustão, ou a exclusão social até a morte por fome.


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[1] A beleza do capitalismo está em efetuar essa coerção inibidora de reprodução humana de maneira sutil, sem que se seja necessário infanticídios ou genocídios. O único país no qual o capitalismo, uma vez subsumido na cultura, não levou a uma queda na taxa de fertilidade é nessa Ilha da Fantasia chamada EUA, na qual há uma abundância artificial (via imperialismo e o poder do dólar) e em fase terminal.

Com relação a uma sociedade pós-capitalista, o meu temor é que a diminuição (ou eliminação) do consumo conspícuo e da competição por status e poder acabe servindo de incentivo para que as pessoas – sem nada melhor para ocupar as suas vidinhas – acabem investindo suas energias no recrudescimento da procriação, isto é, tendo um número maior de filhos.

Certa vez vi em um vídeo o utopista Jacques Fresco dizendo que, para evitar que num estado de ausência de coerção via competição as pessoas se reproduzissem demais, as pessoas seriam instruídas mediante a leitura de livros sobre o impacto da reprodução humana sobre os recursos naturais...

Ora, esse terreno em que Freco está se movendo é o terreno da pura ideologia, a saber, a crença de que o comportamento humano pode mudar apenas por causa de um processo educacional, independentemente de qualquer tipo de coerção sobre os interesses pessoais dos indivíduos. Um apelo pelo bem coletivo de nada serve para um ser humano – pelo menos nunca serviu até hoje.

Ou Fresco está mentindo (porque sabe que seria necessário algum tipo de coerção por parte de um governo para evitar a natalidade excessiva) ou é um completo ingênuo.

Se há algo com o qual neoliberais e marxistas concordam é que as pessoas só mudam seu comportamento quando recebem (dês)incentivos (coerções ou gratificações) e não por causa de uma pura informação que apele para o bem comum, escrita ou não em algum livro. É claro que eu gostaria que as coisas não fossem assim, que as pessoas realmente mudassem de opinião pelo bem comum – mas isso nunca ocorreu, nem na (pré)história nem na natureza.

Ora, um dos alimentos da imaginação utópica é justamente a crença de que é possível mudar magicamente o comportamento humano, de tal forma que algo que até agora foi a regra se torne a exceção. Mas, na hora de implantar a discurso utópico, ao que parece todas as utopias degringolam para alguma forma de fascismo.





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Tempore, quo cognitio simul advenit, amor e medio supersurrexit.